Senhor das Moscas

Fotos de Giovana Cirne

Crianças inglesas de um colégio interno, presos em uma ilha deserta sem a supervisão de adultos, após a queda do avião que as transportava para longe da guerra. Uma vez na ilha, as crianças se vêem sob duas lideranças naturais: Jack está sempre preocupado em caçar, matar os porcos selvagens que existem na ilha, organizando sua equipe de caçadores, enquanto Ralph se preocupa em deixar uma fogueira sempre acesa, para que possam ser salvos. Ralph deseja voltar para o mundo moderno, para a civilização, enquanto Jack cada vez mais rompe seus laços com ela.

A situação se torna mais complexa quando aparece um “Bicho” que aterroriza os meninos. Logo as crianças escolhem um símbolo sobrenatural: uma cabeça de porco espetada numa estaca, que eles batizam como Senhor das Moscas e para quem pedem proteção contra os perigos da ilha.

Arthur Berges
Bruno Fagundes
Davi Tápias
Felipe Hintze
Felipe Ramos
Gabriel Neumann
Ghilherme Lobo
Lucas Romano
Paulo Ocanha Jr.
Pier Marchi
Rodrigo Caetano
Rodrigo Vellozo
Thalles Cabral
Stand-in: Gabriel Malo, João Paulo Oliveira e Luiz Rodrigues
Texto: Nigel Williams
Tradução: Herbert Bianchi e Zé Henrique de Paula
Direção: Zé Henrique de Paula
Direção musical e preparação vocal: Fernanda Maia
Preparação de atores: Inês Aranha
Coreografia: Gabriel Malo
Cenografia: Bruno Anselmo
Figurinos: Zé Henrique de Paula
Iluminação: Fran Barros
Design de som: João Baracho
Assistente de direção: Rodrigo Caetano
Diretor residente: Lucas Farias
Assistentes de figurino: Danilo Rosa e Leandro Oliveira
Design gráfico e videos: Laerte Késsimos
Coordenação de produção: Claudia Miranda
Produção executiva: Louise Bonassi
Assistentes de produção: Laura Sciuli e Mariana Mello
Fotos: Giovana Cirne

 

 

RELEASE COMPLETO

“Senhor das Moscas” é um clássico da literatura inglesa – escrito em 1954, em plena Guerra Fria, o romance se tornou um dos mais importantes do século XX e deu a William Golding um Prêmio Nobel de Literatura.  Mas o que existe nele que ainda possa nos interessar e, mais ainda, provocar interesse no jovem de hoje em dia?

Felizmente, a obra sobreviveu ao tempo e está mais atual do que nunca. Em tempos de grande agitação política, de ídolos instantâneos e de fluidez de identidade (especialmente entre os adolescentes), as aventuras de Jack, Ralph, Simon e Porquinho e seus dilemas éticos, morais e afetivos parecem ter sido escritos para o Brasil do século XXI. Como numa saga shakespereana em que há drama, comédia, luta, morte, natureza, aventura e religião – tudo junto numa só história – queremos dar combustível à peça através de uma de suas principais características: a velocidade e a ferocidade dos acontecimentos.

Há muito esse binômio ritmo acelerado/violência tem frequentado o cinema, as graphic novels, o videoclipe. No teatro, o fenômeno é sazonal: visitou os palcos na era elisabetana, reapareceu pontualmente em alguns momentos do século XX. Pois é esse binômio que queremos explorar, acreditando ser a matéria prima que trará à tona os grandes eixos temáticos da obra de Golding – a essência verdadeiramente bestial do ser humano; a luta pela civilização; a formação dos partidos (em sentido mais amplo, não o meramente político); o sentido de amizade, lealdade e a criação dos vínculos afetivos; a natureza do misticismo, a necessidade dos deuses e da epifania espiritual na vida dos homens.

O Núcleo Experimental tem como base de seu trabalho o ator. Aliado à síntese de elementos cênicos e à busca de bons textos, o trabalho dos atores é o foco de nossa pesquisa cênica. Pesquisamos a expressividade da ação física, o sentido de coesão e união cênica e, paralelamente, experimentamos os possíveis usos para a música e o canto no acontecimento teatral. Todos esses elementos devem permear a encenação de “Senhor das Moscas”, já que buscamos uma encenação limpa, de poucos elementos, com iluminação e música com alta significação cenográfica e direcionada aos quatorze intérpretes das crianças criadas por William Golding. Ele que é o nosso protagonista, uma vez que acreditamos que não há bom teatro se não iluminarmos, antes de mais nada, as ideias do autor.