O Contrato

 O espetáculo é uma fábula moderna, que mostra como um gerente disseca a vida da funcionária Emma, desde seu comportamento até sua vida amorosa. Em 14 cenas curtas, o personagem do Gerente investiga a rotina de uma funcionária, que segundo ele, não está cumprindo seu contrato de trabalho.

Gerente – Sergio Mastropasqua
Emma – Renata Calmon

Direção: Zé Henrique de Paula
Tradução: Renata Calmon
Assistente de Direção: Beto Amorim
Trilha Original: Fernanda Maia
Preparação de Atores: Inês Aranha
Cenografia e Figurinos: Zé Henrique de Paula
Assistente de cenografia e figurinos: Cy Teixeira
Iluminação: Fran Barros
Fotos: Ronaldo Gutierrez
Assessoria de Imprensa: Arteplural – Fernanda Teixeira
Coordenação de produção: Claudia Miranda
Produção executiva: Gabriela Germano
Produção: Firma de Teatro
RELEASE COMPLETO

De Mike Bartlett

Selecionado para o 15º Cultura Inglesa FestivalO Contrato apresenta pela primeira vez no Brasil o jovem autor inglês Mike Bartllet, vencedor do Laurence Olivier Award 2010.

Dirigida por Zé Henrique de Paula, a montagem brasileira de O Contrato preserva o tom cínico, às vezes sarcástico, do texto de Bartlett, investindo no jogo entre os atores Sergio Mastropasqua e Renata Calmon para explorar a fundo o tema das fronteiras tênues entre o universo pessoal e a vida profissional.

Com cenas que mostram o humor negro do autor inglês, a ação concentra-se num único ambiente: o escritório asséptico e impessoal onde o Gerente submete sua funcionária Emma a uma série de provações. Fazendo valer sua posição, ele manipula e inferniza a vida de sua funcionária, que a tudo resiste em nome do salário mensal. E o final é surpreendente!

Além do riso, o espetáculo provoca na plateia questionamentos cada vez mais pertinentes na atualidade. Quanto vale um emprego? Dignidade pode ser comprada? Quanto há de Gerente, ou de Emma, dentro de cada um de nós? Emma tem sua vida pessoal invadida e dissecada por uma espécie de versão corporativa de Big Brother orwelliano – nada, nem os aspectos mais íntimos da existência da funcionária, escapam ao olhar do Gerente.

Para o diretor Zé Henrique, a peça tem “ecos próximos do Teatro de Absurdo, às vezes com reminiscências de Ionesco ou Tardieu (especialmente no que se refere à linguagem)”. De acordo com ele, “trata-se de uma dissecação da funcionária Emma que, em 14 cenas, é exposta a um Grande Irmão orwelliano, em versão capitalista e corporativa. O Gerente, mais do que investigar ou reprimir o comportamento da funcionária, perscruta o comportamento amoroso de Emma, numa espécie de raio-x que expõe a funcionária ao que pode haver de pior no ambiente das grandes corporações: humilhação, aliciamento, manipulação, assédio, chantagem’.

O ator Sérgio Mastropasqua completa: “Num tempo em que se fala de recessão, crise global, desmoronamento dos mercados, o medo e a impotência do funcionário se reflete numa obediência cega, humilhada e ignorantemente subserviente a quaisquer exigências, por mais absurdas que possam parecer. O poder e a importância do dinheiro na vida de um funcionário comum determinam sua predisposição, às vezes voluntária, a fazer de tudo pelo bem da empresa. E garantir seu posto, seu salário e sua baia”.

A comparação com a distopia de Orwell não é ao acaso. Ao resenhar a obra para o guia Time Out, o jornalista Andrew Hayton comentou: “No final de seus 50 minutos de duração, a peça O Contrato, de Mike Bartlett, que começa como uma aguda sátira dos regulamentos para o espaço do trabalho, se torna um ‘1984’ dos tempos atuais”.


Histórico

Estreou em 9 de junho de 2011, dentro do Festival da Cultura Inglesa, no qual realizou quatro apresentações. Reestreou em 19 de agosto de 2011 no mesmo Teatro Cultura Inglesa – Pinheiros, onde ficou em cartaz até 18 de setembro.


Resumo crítico

“Renata Calmon interpreta Emma com elegância passiva, concedendo veracidade a uma personagem que vê sua identidade se espatifar até vender completamente sua alma à corporação. Sergio Mastropasqua faz o chefe cordialmente neutro e manipulador, capaz de desfiar sua destrutividade por meio de gestos minimalistas.”

Edgar Olimpio de Souza, Revista Stravaganza

“A encenação de Zé Henrique de Paula vai além do óbvio humor negro inerente ao original. Nesse jogo, sobressai uma curiosa movimentação gestual, simultânea às falas, que sobrepuja a própria trama. Evidente que esse resultado deve muito ao desempenho de Sergio Mastropasqua, como o chefe inquisidor e de Renata Calmon, como a infeliz subordinada. A montagem brasileira de ‘O Contrato’ enriquece o texto e comprova o talento de seu encenador.”

Luiz Fernando Ramos, Jornal Folha de São Paulo (Ilustrada)

“O texto surpreende pela construção, que o aproxima das tragédias gregas – há referência implícita a Medeia, por exemplo – e dos conflitos contemporâneos, como a ambição profissional desenfreada e a pressa em estabelecer um relacionamento e ter um filho. Sob a direção de Zé Henrique de Paula, a dupla de atores aproveita bem as nuances dos sarcásticos diálogos propostos pelo autor.”

Dirceu Alves Jr., Revista Veja São Paulo


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