Nossa Classe

Resultado da oficina de montagem teatral com Zé Henrique de Paula e Fernanda Maia, texto inédito do dramaturgo polonês Tadeusz Słobodzianek, NOSSA CLASSE fala sobre a relação entre judeus e cristãos durante a Segunda Guerra.

Heniek – Bruno Gael
Dora – Estrela Strauss
Abram – Fabio Redkowicz
Menachem – Felipe Calçada
Jakob Katz – Gutto Szuster
Zygmunt – Thalles Cabral
Zocha – Maria Paula Lima
Rysiek – Pedro Passari
Rachel – Priscilla Oliva
Wladek – Rafael Augusto

Texto: Tadeusz Słobodzianek
Tradução, Adaptação e Direção: Zé Henrique de Paula
Assistente de direção: Herbert Bianchi
Trilha Original e Preparação Vocal: Fernanda Maia
Gravação e mixagem: Rafa Miranda
Cenário e Figurinos: Zé Henrique de Paula
Assistente de cenário e figurino: Cy Teixeira
Iluminação: Fran Barros
Arte gráfica: Herbert Bianchi
Fotos: Ronaldo Gutierrez
Coordenação de produção: Claudia Miranda
Projeto Escola: Alexandre Meirelles

Indicado ao Prêmio APCA 2013 – Melhor Diretor

RELEASE COMPLETO
Um grupo de alunos, judeus e católicos, declaram suas ambições para o futuro: uma quer ser estrela de cinema; outro, piloto; um outro sonha em ser médico. Eles estão aprendendo o abecedário. Estamos na Polônia, em 1925. Conforme as crianças crescem, o país é dilacerado por exércitos invasores; primeiro o soviético, depois o nazista. O vexame internacional aprofunda um febril sentimento nacionalista. Amigos se traem; a violência se intensifica. Até o momento em que pessoas comuns executam um ato extraordinário e monstruoso que reverbera sombriamente até os dias de hoje.
 
Inspirado no livro Vizinhos, de Jan T. Gross (lançado em 2001), Słobodzianek retrata em sua peça um acontecimento real: o massacre ocorrido na cidade polonesa de Jedwabne. Em 10 de julho de 1941, poucas semanas depois que o exército de Hitler inicia seu avanço em direção ao leste da Polônia, toda a população de origem judaica da cidade foi dizimada. A controvérsia persiste até hoje: quem perpetrou o massacre? O livro de Gross lança luz sobre uma questão muito difícil de ser aceita pelos poloneses, mesmo mais de 70 anos depois. Segundo ele, a própria população de Jedwabne (a parte cristã, aproximadamente metade dos habitantes naquela data) teria assassinado a outra metade judia.
 
A peça chamou a atenção do diretor Zé Henrique de Paula, que já tratou desse assunto em As Troianas – Vozes da Guerra, por ser um libelo contra a intolerância e a violência. “Em época de Marcos Felicianos, dentistas queimados vivos e estupros em lotações, acredito que o teatro tem o dever de refletir sobre os descaminhos que a nossa sociedade pode trilhar no futuro próximo. O medo e o terror são capazes de desencadear o que há de pior no ser humano”, reflete o diretor.
 
NOSSA CLASSE se aproxima da adaptação que o Núcleo Experimental fez de Eurípides em 2009 não somente pelo tema, mas também pela presença marcante do canto como elemento estrutural dentro da peça. Słobodzianek pontua as cenas com poemas infantis de Marcin Wicha, escritor polonês de livros infantis, sugerindo que os poemas sejam cantados pelos atores. Para esta montagem, a diretora musical Fernanda Maia compôs uma trilha original, musicando esses poemas. Seguindo as tradições de música eslava e judaica, Maia usou instrumentação típicas das klezmer bands – violino, clarineta e acordeão. Os atores cantam essas doze canções ao vivo.